STARTUP DE SHORT STAY
Charlie, proptech lançada há dois anos para atuar no mesmo mercado, conta com cerca de 1 bilhão de reais em ativos sob gestão
A notícia da saída de Casai do Brasil, startup mexicana de estadia de curta duração que tinha feito fusão com a brasileira Nomah, caiu como uma luva nos planos de expansão de Charlie, proptech lançada há dois anos para atuar no mesmo mercado.
Entre as indicadas pela própria Casai aos donos dos imóveis para assumir os endereços que a mexicana, a startup registrou um crescimento na procura e conseguiu atrair empreendimentos para a sua estrutura. Em poucos dias, os números de apartamentos geridos pelo Charlie passou de pouco de 800 para 1300 apartamentos, alta de 50% em apenas uma semana.
“De 31 de dezembro a primeiro de janeiro, nós colocamos para dentro mais de 320 apartamentos. Enquanto estava todo mundo querendo relaxar, a galera estava na loucura preparando os apartamentos para assumirmos as operações”, afirma Allan Sztokfisz, cofundador e CEO do Charlie.
Hoje, o volume de apartamento já subiu um pouco mais, está em torno de 1500 unidades, localizadas majoritariamente em São Paulo.
Como o Charlie nasceu
Engenheiro de formação, o executivo entrou no mercado de hospitalidade em 2009, quando fundou o Okupe hostel. Um ano depois, ampliou os investimentos no setor com o H3 Hotel Paulista, empreendimento low-cost próximo à Avenida Paulista.
Observador do mercado, Sztokfisz percebeu a aumento da procura por formatos alternativos de locação. Ao lado do sócio, Flávio Ghelfond, criou o Charlie, que recebeu capital de investidores pessoas físicas e institucionais, entre as quais a Cyrela.
A startup funciona como uma espécie de imobiliária com uma proposta mais tecnológica, como self check-in e operação digital, e uma oferta diferente de intervalo de permanência. Entre 75% e 85% dos usuários ficam nos endereços por menos de 30 dias, por exemplo.
O modelo de negócio inclui a gestão dos apartamentos, alugados com 100% de mobília, enxoval e limpeza. A partir daí e a depender da locação, os usuários podem contar com outros serviços como café da manhã, lavanderia e, em Porto Alegre, já tem pedidos de churrasqueiro sob demanda.
“Tem situações em que estamos entendendo as demandas. Podemos personalizar a experiência deles”, afirma.
Segundo ele, os hóspedes procuram no modelo um padrão de serviço, com espaços em que sabem não terão surpresa em relação às condições do imóvel e da operação. Atualmente, cerca 70% dos clientes vêm por plataformas como Airbnb e Booking, e 30% do próprio site e aplicativo da marca.
Para oferecer o serviço, a empresa gere apartamentos de investidores individuais, muitas vezes indicados por incorporadoras parceiras como:
- Cyrela
- Eztec
- Tecnisa
- Yuny
- Helbor
São casos em que a pessoa adquire o imóvel pensando em alugar e a construtora já sugere os serviços do Charlie.
Outro braço do negócio é com investidores institucionais como as gestoras FL2 Partners, Vectis, Navi Capital e Rio Bravo – a startup controla mais de 700 unidades. Nessa vertente, também começa a trabalhar na conversão de hotéis como o Ramada e Tulip Inn, em São Paulo, e o Duque 1705, em Porto Alegre.
Do total que a empresa fatura atualmente, 55% têm como origem os empreendimentos de investidores individuais e 45% dos institucionais. O Clarlie é remunerado a partir de uma comissão de cada apartamento que aluga.
Para rodar o negócio, a estratégia é conseguir reunir mais de 20 imóveis em cada prédio, formato que contribui para otimizar os serviços de limpeza e manutenção, por exemplo, e reduzir os custos finais.
O que tem planejado para 2023
Com as movimentações deste começo do ano, o Charlie conta com cerca de 2600 imóveis, entre apartamentos já em operação e em construção, o que representa uma cartela sob gestão de 1 bilhão de reais.
A previsão até o fim de 2023 é de atingir 3000 unidades prontas para uso, mais do que triplicando o número de dezembro de 2022.
A chegada dos novos quartos também agilizou a entrada no Rio de Janeiro, cidade onde a startup pretende avançar com adição de unidades hoje em construção. Outro destino previsto é Recife, capital de Pernambuco.
Combinados, esses elementos devem contribuir para que a startup equacione a contas e comece a dar lucro.
“Hoje, a empresa já está em um caminho de no decorrer do primeiro semestre ficar sustentável, ser lucrativa, e daí em diante não demandar mais nenhum capital e usar os nossos recursos próprios”, afirma. A empresa não abriu números de faturamento nem de investimentos.