INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO MEIO IMOBILIÁRIO

A inovação tecnológica assumiu uma dimensão tão decisiva na rotina da Yuny Incorporadora que deixou de ser um meio de turbinar vendas para se tornar um fim. A empresa comprou 40% da startup de realidade aumentada InBuilt, que atende incorporadoras concorrentes. O YunyLab, hub tecnológico da empresa, criou um app que permite acompanhar pelo celular o dia a dia no canteiro de obra e resolver questões financeiras. Em 25 anos de mercado, a Yuny já entregou 17 mil unidades em 70 empreendimentos, com valor geral de vendas de R$ 14 bilhões. O CEO Marcelo Yunes e o irmão Marcos, presidente do Conselho Administrativo, falam sobre a meta de manter pelo menos R$ 1 bilhão em lançamentos anuais, como em 2021, e têm expectativas otimistas para este ano, independentemente de quem vencer as eleições.

A Yuny deu um salto enorme de 2020 para 2021, passando de R$ 192 milhões para R$ 1,1 bilhão em lançamentos. A que vocês atribuem esse resultado?

Marco Yunes – Passamos por movimentos interessantes, e o mais recente foi concluir o private equity de dez anos com a VR, iniciado em 2010. Retomamos 100% do Grupo VR em 2019 e começamos um novo ciclo, com aquisições de terreno. Os lançamentos voltaram com força, e nosso objetivo é lançar R$ 1 bilhão por ano.

Marcelo Yunes – Com um cenário mais claro, voltamos a acreditar no mercado e a enxergar um ciclo de investimento. Em 2021, fizemos sete lançamentos, dois de altíssimo padrão, um no médio/alto e quatro no econômico, todos na cidade de São Paulo, que é nosso foco.

Quais são as perspectivas para 2022?

Marcelo – Pretendemos fazer cinco novos lançamentos no valor de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão: um de altíssimo padrão nos Jardins, um de alto padrão em Higienópolis, dois de médio/alto na Vila Clementino e no Alto da Boa Vista, e um econômico perto do Zoológico.

O cenário de inflação e juros mais altos não preocupa?

Marcos – Vemos este momento como uma correção pós-pandemia. A inflação e os juros estavam muito baixos, um desequilíbrio que acabou acelerando a inflação. Mas este ano deve ser de queda, assim como nos juros, e de tendência de equilíbrio no preço dos insumos. Houve aumento no valor da matéria-prima e da mão de obra, mas tudo deve se reequilibrar agora.

Independentemente do resultado das eleições?

Marcelo – Sim. Temos desafios políticos grandes e reformas que precisam ser feitas. Mas achamos que o próximo governo terá que ser responsável para tocar a economia com atenção aos fundamentos econômicos, controle de inflação, responsabilidade fiscal e agenda de reformas importantes, como a administrativa, a tributária e a política.

O investimento em inovação tecnológica virou um ponto forte da Yuny. Quanto a empresa investiu e até onde está disposta a ir nessa direção?

Marcelo – O YunyLab foi criado em 2019 e, com a pandemia, mostrou-se uma aposta muito acertada. Já investimos mais de R$ 10 milhões em inovação e modernização de processos, englobando prospecção, compra de terrenos, desenvolvimento de projetos, lançamentos e vendas. O YunyLab atua em todas essas áreas. No ano passado, implementamos 40 iniciativas de transformação digital nas áreas de incorporação, vendas, administração e engenharia. Neste ano, já foram mais de 30 iniciativas. Antes, olhávamos mais a compra e a venda. Hoje, olhamos a administração, a governança e o ESG, em termos de meta.

Marcos – Estamos criando um hub de startups. Queremos juntar nossa experiência com a inovação, detectar oportunidades e desenvolver a indústria. A Yuny é uma incorporadora enxuta que já tem cara de startup em algum sentido, e transformá-la em uma proptech tem sido uma experiência exitosa. É um processo irreversível.

A inovação deixou de ser um meio para a Yuny e passou a ser uma atividade-fim?

Marcelo – Exato. A inovação ganhou proporção tão grande que acabou virando fim. Compramos participação na companhia que desenvolveu um app de realidade ampliada, que permite ao cliente ver onde estão os tubos e a fiação e furar a parede com segurança. Hoje, temos 22 incorporadoras como clientes dessa startup. Acabou sendo um novo negócio. Apostamos no uso de novas tecnologias de materiais pré-fabricados que reduzem tempo e desperdício e geram ganho de velocidade e qualidade.

Marcos – É uma vertente ligada às questões ESG. A busca por eficiência reduz custo, aproveita material e produz menos impacto ambiental. Temos projetos ligados ao reúso de material que desemboca no social, na destinação de materiais para ações sociais.

A Yuny obteve o registro de companhia de capital aberto pela CVM no ano passado. Já há uma previsão para o lançamento de ações?

Marcelo – Foi a evolução natural de um crescimento orgânico que incluiu o modelo de funding, operações em debêntures e private equity. Para lançar ações, dependemos das condições de mercado. Não é um fim, é um meio de crescimento. Pronta, a companhia já está, com nível de governança A. Trabalhamos há muito tempo com a pauta ESG também.

O que o comprador deve observar com prioridade quando compra um imóvel pensando em fazer um bom investimento? A pandemia alterou esses critérios?

Marcos – Historicamente, a localização sempre foi fundamental. Para uns, é melhor estar perto do trabalho; para outros, da escola das crianças. As pessoas hoje se preocupam mais com espaço, áreas de lazer, espaços de coworking no condomínio, lugar para pet, facilidade de locomoção e tecnologia.

Marcelo – Temos fomentado o planejamento da parte de delivery até com elevador para entrega de comida ou lockers refrigerados para guardar as entregas. A estrutura de internet é cada vez mais valorizada, a biometria também. Qualidade de vida é a chave, e muitas vezes ela está na simplicidade.

O que falta para o mercado imobiliário atingir o potencial de crescimento que existe no Brasil?

Marcelo – Falta estabilidade na política econômica e segurança jurídica, uma clareza de horizonte mais a longo prazo. Os déficits são grandes, e a pandemia acabou levando as pessoas a terem mais vontade de morar bem, em espaços agradáveis e mais amplos, que promovam a convivência familiar. Em São Paulo, precisamos da revisão do Plano Diretor. Mais do que estimular construções, é importante homogeneizar regras, reduzir restrições em algumas áreas. Precisamos de mais equilíbrio.

NOVO SHOWROOM COMEMORA OS 70 ANOS DA ESTAR MÓVEIS

Com uma interessante proposta de desconstrução de ambientes, abriu as portas na segunda-feira desta semana a extensão do showroom da Estar Móveis, na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo. Batizado de Estar Anexo, o novo espaço tem projeto do duo criativo Nicole Tomazi + Sergio Cabral e faz parte da agenda de comemorações dos 70 anos da empresa.

CIDADES MENORES VIVEM BOOM DE LANÇAMENTOS

O mercado de imóveis de alto padrão fora dos grandes centros urbanos está em ascensão. Niterói é um exemplo desse boom imobiliário: recebeu R$ 1 bilhão em investimentos no ano passado, segundo a Ademi local. Somente a Soter Engenharia lançou no município cinco empreendimentos com 367 apartamentos (70% já comercializados), totalizando R$ 800 milhões em investimentos.

FACHADA COM JARDIM VERTICAL É DESTAQUE DO SINGULAR, NA BARRA

A fachada com jardim vertical é o grande destaque do Singular, condomínio que está sendo construído pela Itten Incorporadora no Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca. Além de trazer beleza para o entorno ao oferecer uma paisagem verde, a iniciativa melhora a acústica e a ventilação dos apartamentos. Segundo o diretor Eduardo Cruz, a parede é de fácil manutenção e reduz a temperatura interna dos apartamentos.

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